A CASA DAS BELAS ADORMECIDAS — YASUNARY KAWABATA

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A CASA DAS BELAS ADORMECIDAS
AUTHOR: Yasunari Kawabata
PUBLISHER: Assírio & Alvim, 1986
LANGUAGE: Português (tr. Luís Pignatelli)
SIZE: 210 x 135 mm
PAGES: 95 pp.

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Eguchi estava completamente acordado e não lhe parecia que viesse a conseguir dormir. Não tinha, por outro lado, nenhuma vontade de evocar a recordação de outras mulheres que não fossem a rapariga que admirara os pequenos arco-íris. Do mesmo modo que não tinha vontade de tocar na rapariga adormecida, ou de a ver inteiramente descoberta. Estendeu-se de barriga para baixo e voltou a abrir a carteirinha que estava à cabeceira. A mulher que o recebera tinha-lhe dito que era um sonífero, mas de que droga seria? Seria a mesma que tinham ministrado à rapariga?
A Casa das Belas Adormecidas, Yasunari Kawabata

Ter nas mãos esta edição de 1986 de A Casa das Belas Adormecidas — publicada pela Assírio & Alvim, numa altura em que a literatura japonesa ainda era pouco acessível em português — é quase como segurar um fragmento da história literária. Yasunari Kawabata (1899-1972), primeiro escritor japonês a receber o Prémio Nobel da Literatura em 1968, ocupa um lugar central no cânone do século XX, não apenas pela elegância da sua prosa, mas pela forma como soube traduzir a sensibilidade estética japonesa em termos universais.

A Casa das Belas Adormecidas é uma das suas obras mais perturbadoras e ao mesmo tempo mais refinadas. O romance, breve mas intensíssimo, acompanha um velho homem que frequenta uma casa onde jovens mulheres nuas dormem profundamente, inacessíveis ao desejo, criando uma atmosfera de eros e thanatos entrelaçados. Kawabata coloca o leitor diante da velhice, da memória e da solidão, mas também da fronteira entre o sagrado e o profano, o belo e o inquietante. É um livro que encarna na perfeição o conceito de mono no aware — a melancolia da impermanência —, tão caro à cultura japonesa.

No panorama literário mundial, o impacto de Kawabata foi duplo. Por um lado, introduziu a sofisticação e vulnerabilidade da literatura japonesa num espaço internacional dominado pela tradição europeia e norte-americana. Por outro, mostrou que a concisão, a atenção ao detalhe e a sugestão podem carregar tanto ou mais peso emocional do que narrativas grandiosas. Ter esta edição específica, da Assírio & Alvim, é também revisitar um momento em que a edição portuguesa se abria à modernidade oriental. É um testemunho da forma como certos livros, discretos e quase secretos, conseguiram transformar leitores atentos e deixar marcas na história da leitura em Portugal.

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