Desde 1993, o artista português Gonçalo Pena (n. 1967) criou uma vasta coleção de desenhos, referências cruzadas e suposições enlaçadas que giram em torno da figura humana. Dentro desta imensa coleção, religião, história e mitologia antiga estão entrelaçados com a filosofia política e questões sociais, criando um enigma cultural autêntico de referências – escondido atrás de cada imagem.
As ilustrações no livro aparentemente aparecem numa ordem unitária e lógica, que forma um contraste acentuado com a imensa variedade de técnicas, temas e sujeitos.
“Por vezes absurdos, politicamente incorretos, estilisticamente polimorfos e evidenciando uma natureza caricatural muito singular, os desenhos de Pena revelavam uma literacia profunda em música, história da arte, literatura, história e cultura popular. Seria possível ver neles traços de simbolismo e de surrealismo, uma estética ubuesca; contudo, o estilo é tão irrelevante quanto irreverente. Na agilidade intelectual e artística para navegar o conhecimento e a obsessão reside o essencial da obra.” Assim se refere Philippe Vergne à copiosa produção desenhística de Gonçalo Pena no prefácio a este livro, o terceiro de uma série iniciada em 2014.
Com edição de João Maria Gusmão, e a supervisão editorial de Antonio Scoccimarro, a publicação reúne cerca de 300 desenhos e inclui textos inéditos de Gabriel Abrantes, Alexandre Estrela, João Maria Gusmão, Pedro Paiva e Philippe Vergne.
Nascido em 1967, Gonçalo Pena vive e trabalha em Lisboa e Bergen. Trabalho como ilustrador desde 1993 com aparição nos principais jornais e revistas portuguesas (Independente, Publico, Ler, Egoísta, Livros), trabalha noutros meios de comunicação, além da pintura, como cinema e fotografia. Escreveu e publicou vários estudos sobre questões de arte. Como pintor, tem mostrado desde 2007 o seu trabalho em Portugal, Espanha e Alemanha.