ENCONTRO MAGICK SEGUIDO DE A BOCA DO INFERNO

20.00

ENCONTRO MAGICK SEGUIDO DE A BOCA DO INFERNO
Author(s): Fernando Pessoa; Aleister Crowley; Miguel Roza (ed.)
Publisher: Assírio & Alvim (2ª edição, 2010)
Language: Portuguese
Size: 146 x 206 x 40 mm
Pages: 576 pp.
SECOND HAND / SOFTCOVER / GOOD (tear and spots on the dust jacket)

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Ao longo das 576 páginas do fantástico ENCONTRO MAGICK SEGUIDO DE A BOCA DO INFERNO, Miguel Roza, sobrinho de Fernando Pessoa, ordena e comenta os vários materiais que herdou relativos ao encontro histórico entre dois dos mais intrigantes e importantes vultos da cultura mundial do séc. XX: o seu tio, o poeta-filósofo Pessoa, e o infame escritor e mago Aleister Crowley. A mãe de Miguel Roza ter-se-á oposto à publicação destes documentos enquanto viva, o que explica o aparecimento tardio da primeira edição (2001); tanto essa quanto a segunda, de 2010, que aqui apresentamos, se encontram esgotadas há imenso tempo, sendo esta uma oportunidade rara.
O contacto entre Pessoa e Crowley teve início em Novembro de 1929, quando o poeta encomendou à editora londrina Mandrake Press a autobiografia do mago. Já com o livro em sua posse, Pessoa notou uma imprecisão técnica no mapa astral de Crowley, decidindo-se a comunicá-la à editora. Pouco depois, Crowley agradecia-lhe directamente o reparo, dando-se início a uma troca de correspondência que duraria cerca de dois anos. No verão de 1930, Pessoa é surpreendido por um telegrama de Crowley dizendo-lhe que estava prestes a chegar a Lisboa a bordo de um paquete. Pessoa foi recebê-lo ao cais pessoalmente.
Diz-se que o verdadeiro intuito de Crowley era o de estabelecer uma sede das suas ordens iniciáticas na capital portuguesa. O certo é que, após alguns rituais iniciáticos e sessões controversas de magia sexual em hotéis do Bairro Alto, Crowley convence Pessoa a ajudá-lo a forjar o seu suicídio na Boca do Inferno, em Cascais. O plano envolvia Crowley deixar para trás uma carta de despedida dramática, «Não posso viver sem ti. A outra Boca do Inferno apanhar-me-á – não será tão quente quanto a tua!», insinuando que se lançaria ao mar devido a um desgosto amoroso. Os jornais precipitam-se a noticiar a morte de Crowley, descrito na época como «o homem mais malvado do mundo», e Pessoa e um seu conhecido no Diário de Notícias investem na narrativa com falsos depoimentos à polícia. Porém, pouco depois, Crowley aparece vivinho da silva em Berlim.
Curiosamente, tempos depois, como nota Miguel Roza, Pessoa recebeu de Crowley uma carta circular enviada a todos os discípulos-irmãos de uma das suas ordens, a A∴A∴, que terminava com o célebre lema da Telema, a doutrina espiritual por si criada: «Love is the law, law under will».