Underground Cinemas & Towering Radios reúne um conjunto de obras nas quais Ângela Ferreira (Moçambique, 1958) tem investigado, celebrado e problematizado as utopias descolonizadoras e revolucionárias do período eufórico de construção nacional em Moçambique, entre a independência em 1975 e o início da guerra civil em 1977. Na linha do pensamento de Frantz Fanon, Amílcar Cabral e Samora Machel, Ferreira examina o papel da cultura, nomeadamente do cinema e da rádio, na construção da nação e nas dinâmicas de colaboração internacionalista, em contexto de Guerra Fria e de luta anti-apartheid na África do Sul. Presta homenagem a este momento histórico através de uma prática investigativa e arquivística que recorre à escultura, ao vídeo, ao som, à fotografia, à serigrafia e ao desenho para revelar imagens e sons deste período que permanecem frequentemente esquecidos. As homenagens de Ferreira sob a forma de modelos e estudos para monumentos, normalmente incluindo várias versões, retêm uma qualidade de incompletude, abertura, mobilidade e desejo – mesmo quando se trata de instalações de grandes dimensões que passaram da experimentação do desenho e da maquete ao acabamento da escultura final. Estes arquivos e cartografias de revolução são monumentos em revolução (incompleta). A utopia moçambicana do período pós-independência, os seus esforços comunitários, internacionalistas e de bases para descolonizar a produção e a distribuição de imagens, e o impacto das suas ondas (de rádio) na luta anti-apartheid regressam dos seus futuros passados para indagar o presente.
Ângela Ferreira – Underground cinemas & towering radios
€12.00
Ângela Ferreira – Underground cinemas & towering radios
Galerias Municipais Lisboa, 2016
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