“Finalmente, nas suas mãos, está uma cópia única da obra TOUT, uma enciclopédia de artista de Mattia Denisse, um francês nascido em Blois em mil novecentos e sessenta e sete.
Esta obra essencial, originalmente criada a tinta da China e lápis de cor, utilizou um recurso ecológico obsoleto, o palimpsesto, que consiste em papel reciclado impresso anteriormente, cartão ou pergaminho, para fornecer ao bibliófilo contemporâneo tomos que se conformam aos seus interesses literários. E isso de facto aconteceu! Fazendo bom uso da celulose de uma enciclopédia moribunda, Denisse aventurou-se a traçar a sua própria versão eloquente do universo. Libertária e situacionista, esta atitude não substitui de forma alguma a poiesis da sua exegese! Um repositório de mitologemas, anagramas, paradoxos, metáforas, metonímias e observações raras, violência e candura, mais notas do mundo interior e do mundo exterior.
O livro contém muitos desenhos, cerca de trezentos e vinte, a cores e a preto e branco, feitos entre dois mil e vinte e dois mil e vinte e três. O volume foi compilado por João Maria Gusmão, um devoto da arte de Denisse e ele próprio um artista, mas de outro tipo. Nas últimas páginas do livro, Gusmão escreveu um breve opúsculo, neste caso um thriller surreal assassino, fornecendo pistas para o vade mecum de Denisse, mas deixando o significado da sua obra por resolver, não diminuindo de forma alguma os esforços dos futuros historiadores de arte.
Também é de notar que cada TOUT é um espécime único e distinto! O papel marmorizado da capa foi feito por uma equipa de marmoristas amadores que ofereceram os seus serviços para personalizar cada uma das frontispícias deste livro.
Além disso, esta admirável publicação não teria sido possível sem o empenho de algumas pessoas felicíssimas. Um high five para Armando Cabral e Maria João Santos, um abraço de urso para o Novo Museu Nacional do Mónaco e Célia Bernasconi, e uma lata de sardinhas para a livraria ZDB e Natxo Checa.
Não hesite! Não vai estar nas prateleiras por muito tempo.
Não se esqueça da regra dos três As: TOUT! Um livro atrevido, alegre e acessível, ou quase, mas não se pode pôr um preço no valor sentimental.” (TEXTO DA EDITORA PATO EM PEQUIM)